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31 de dezembro de 2008

Não dá para desistir...

Depois de um doloroso inverno, eis que a vida volta ao prumo. Esse seria o momento ideal para um grande balanço. Mas me pergunto: no que isso ajudaria? Não seria verdadeiramente autêntico sair listando todos os prós e os contras de um ano cheio, sofrido, alegre e provador. Todos passamos por isso, é simples assim. De toda forma, tomo emprestado o termo que Bauman usa para descrever a modernidade: 2008 foi um ano ‘fluído’. Rápido e sorrateiro, mas com muita, muuuita informação.

Pensei hoje cedo que, quase sem querer querendo, findei cumprindo as principais ‘promessas’ do último dia 31 de dezembro que tenho notícia. Tirei a habilitação (de primeira, sem golpes), passei por três estágios que me renderam bons contatos profissionais e encerrei (com chave de prata, devo reconhecer) a ‘saga quartenária’ da graduação. Tudo bem, não foi dessa vez que fiquei rica do dia para noite e nem tive o insight para salvar o mundo da fome e das mazelas. Mas chorei com os brasileiros que ‘chegaram lá’ e fizeram bonito nas Olimpíadas. Quase morri de catapora com os desdobramentos de operações Satiagraha, golpes certeiros nas eleições municipais, fome e crise estourando do outro lado do globo e aqui. E as catástrofes? Me renderam horas de orações.

Nesses tempos obscuros, Saramago bem disse que ‘Marx nunca teve tanta razão’. Naquela ocasião, ainda lançou luz ao fato cruel de que todos os bilhões que brotaram da terra para segurar a onda da crise estavam bem guardados. “Logo apareceu, de repente, para salvar o quê? Vidas? Não, os bancos”. É, meu caro ‘Prêmio Nobel’ e companheiro de toda vida, ainda temos muito trabalho pela frente.

Neste ano, pensei em desistir algumas vezes e juro que quase obtive êxito. Em certa hora, de uma noite qualquer, perdida em meio ao trivial devaneio que a só a insônia é capaz de promover, apareceu uma frase. Sim, dessas que lemos em pára-choques de caminhões ou em epígrafes de livros para auto-ajuda. Provavelmente não foi em nenhuma dessas ocasiões que ela veio a mim, devo confessar. É de Bob Marley – ou, pelo menos, atribuem a ele – e diz que “as pessoas que tentam tornar esse mundo pior não tiram dia de folga... Como eu vou tirar?”. Como eu poderia?

O texto e a trilha sonora mais adequados para encerrar o ano, em minha opinião, são estes:

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Elisa Lucinda – Libação

(...) Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra da vaidade ‘minha’
desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar nos amesquinha

A vida não tem ensaios
mas tem novas chances
Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores
Um brinde ao que está sempre em nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

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Paciência – Lenine Acústico





No mais, como simplesmente desisti de desistir, contem comigo em 2009!

17 de outubro de 2008

São tempos difíceis para o romantismo...


6 de outubro de 2008

Recomendo

Sabe aqueles textos, com título medianamente atraente, em que você se pergunta ‘será mais um artigo disfarçado de manual para dias de fossa’? Por desencargo de consciência, e por ter sido postado por uma pessoa de sua confiança, você rola o scroll do mouse e... Ops! O texto é longo. Antes de convencer-se que milhares de coisas, que dependem exclusivamente de você para ficarem prontas, estão te esperando topa a leitura e se surpreende.

Hoje, fazendo uso efetivo de minhas assinaturas de feeds no Reader, fui parar no blog da Ju, já célebre aqui no Pluralidade. Li e re-li o texto postado. É incrível. A fim de preservar minha autenticidade e não copiar descaradamente o post (com trilha sonora adequadíssima) limito-me a citar uns trechos do texto e recomendar a leitura de ‘Amor desfeito é amor refeito’, de Sergio Freire.

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“(...) Estou órfão de prazer. Estou com um amor desalmado, estou hanseniano de história: pedaços meus estão ficando para trás e não posso fazer nada. Estou impossibilitado de dar sentido ao mundo, mundo completamente sem sentido e dispensável. E a gente chora. Ou tenta, pois a lágrima secou. Passou o tempo. Tem algo diferente. Já não dói tanto. Mas ainda dói muito. De repente, um vaga-lume. Luz? É. Luz.

(...) Por outro lado, “tudo na vida é frágil; tudo passa”, como retruca Florbela Espanca, a poetisa da dor. O amor pode passar. É uma possibilidade que não queremos, contra a qual lutamos, mas que não podemos desconsiderar. O amor desfeito nos amadurece ao lembrar que a vida é assim: as coisas vêm e vão. As pessoas vêm e vão. É da própria vida, que veio e um dia irá. O amor desfeito pisca para nós e diz: “Pronto, fiz minha parte na tua vida”. Zecabaleirianamente, ele nos lembra que percorreu a parte da sua estrada no nosso caminho. (...)”

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Disponível, na íntegra, em: Comentários da July

18 de setembro de 2008

Mensagens do dia...
“A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.”
Sócrates
“Quando tiver que escolher entre o amor e o ódio, ame com toda a força do seu coração e quando tiver que odiar, simplesmente não o faça, pois quem alimenta o ódio atira fogo ao próprio coração.”
Desconhecido
“Eu te peço, Senhor, nessa singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. São poucos. E impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos. Eu te peço, Senhor, que me afastes do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, que maltrata, que faz sofrer.”
Desconhecido


Paulo e Carol

10 de setembro de 2008


Sobre o tempo escasso e a pureza

Hoje fiz um teste curioso. Chama-se Teste de Pureza, em que contabilizei 77% no índice de ‘santidade’, conferindo ‘sim’ à 30 perguntas. Poxa vida, ainda tenho tanto para aprender. Como diria Zwe, preciso pirar mais.

Peço desculpas, de antemão, por possíveis lapsos de abandono ao Pluralidade. Estou para reorganizá-lo editorialmente e dar um ‘up’ no template. Aguardem.

E não deixem de fazer o teste e comentá-lo aqui.


Beijos e abraços devidos, me apropriando das saudações Zanderlísticas.

9 de setembro de 2008

Se o crime compensasse...

Li recentemente no blog do Marcelo Katsuki, editor de arte da Folha Online, um post sobre o que seria possível comprar/fazer com o valor equivalente a um (apenas um) ingresso para o show da Madonna (R$ 720,00 - pista vip + taxa de serviço).

Confira a lista de Katsuki:

- Almoçar 25 vezes o delicioso menu executivo do Tête à Tête (R$ 28,60) com entrada, prato principal e sobremesa (já com 10% serviço)

- Comprar 46 garrafas de Salton Espumante Brut (R$ 15,40) na Meu Vinho e dar uma festa em casa (ao som de Madonna)

- Comprar 5 ingressos pro show do Boy George (contemporâneo da 'loira ambiciosa') na Via Funchal (R$ 140), e ainda sobrava um trocado pro goró.

- Ou podia juntar mais 8 amigos e assistir ao show da Marina no Tom Jazz (R$ 80). Uma mesona contra um lugar de pé no gramado sem poder ir ao banheiro para não perder o lugar.

- Dava também para comprar 48 ingressos para assistir à Osusp e o pianista Nelson Ayres homenageando Villa-Lobos, Chico Buarque e Edu Lobo no Auditório Ibirapuera (R$ 15). Podia levar a redação inteira!

- Ou 60 ingressos para o filme Os Desafinados que estréia no Espaço Unibanco Augusta (R$ 12). Levava toda a galera do karaokê!

- E se for por preguiça de enfrentar as filas para chegar, entrar e se acomodar no Morumbi, comprava logo uma TV 29" tela plana na Casa & Video (R$ 599) e um DVD CCE na Videolar (R$ 99). Guardava o troco para comprar o DVD do show e assistia em casa tomando Martini no sofá. Não seria tão ruim...

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Pois bem, a exemplo de minha amiga Polly, peguei lápis e papel e resolvi contabilizar minhas próprias aspirações consumistas (e outras nem tanto) de maneira a justificar minha negativa ao convite:

.:: Com R$ 720,00 eu quito duas vezes o meu cheque especial;

.:: Garanto um módulo completo (seis meses) do curso de inglês;

.:: Me presenteio com quatro botas cano longo (estilo “chego e arraso”) de uma marca suuuper confortável que eu adoro;

.:: Uma média de 48 livros garimpados com todo o carinho do mundo pelos sebos do centro de São Paulo (ou pelo Estante Virtual);

.:: Passagem de ida e volta para Montevidéu, no Uruguai, para visitar o primo e, de quebra, passar uma tarde romântica em algum café dali;

.:: Ir 24 vezes ao Bourbon Street dançar salsa;

.:: Faria sete oficinas de contadora de histórias;

.:: Pagaria metade o valor de um forno elétrico semi-industrial, sonho de consumo de minha mãe;

.:: Poderia dar uma furadeira industrial de presente ao meu irmão, para a oficina de lutheria;

.:: Compraria a discografia completa do Zeca Baleiro para quatro amigos;

.:: De quebra, poderia ter visto o show do Rush (no mesmíssimo Morumbi, em 2004) na incrível turnê do Vapor Trails por 18 vezes, ao invés de uma;

.:: Tomaria exatas 120 doses de Trombada, melhor batida no Rei das Batidas, butecão lá perto da FFLCH;

.:: Dava para ir à Teodoro Sampaio e comprar três violões Di Giorgio modelo estudante;

.:: Providenciaria cinco gigas de memória para a máquina lá de casa;

.:: Comprava uma máquina de lavar para a Paz;

.:: Pagaria a Má, com juros e correções monetárias;

.:: Mandava afinar o piano do Vini, para tocarmos Maria Rita com dignidade;

.:: Sim, Polly, eu também compraria uma Sony Cybershot de 7.MP e sairia por ai, ala Sebastião Salgado.

Brincadeiras à parte, isso só veio somar minha indignação com a máxima de que “fazer show caro no Brasil compensa”. Pô! É muita palhaçada! E o mérito não é só da Véia. Virou costume mesmo, conjugado com a equivocada idéia de que ‘se é caro é bom’.

O show deve ser um espetáculo, reconheço. Claro, nada tipo o “Pulse” na Piazza San Marcos em Veneza, Itália, em 1989, mas algo que, no mínimo, valha o estardalhaço. Eu gostei muito do DVD da última turnê, a famigerada Confessions Tour. Essa me deixou com água na boca.

Mas, neste instante, chego à mesmíssima conclusão de que vou ficar em casa e comer pipoca. Quando a relação custo/benefício for mais compatível com meus recursos financeiros, avaliarei a possibilidade de trocar 378 espetáculos teatrais no Centro Cultural São Paulo por uma única noite, sob o risco de ser pisoteada.
Cest’ la vie...

David Gilmour - Comfortably Numb - Live in Venice 1989 (Pulse Tour)




Confortavelmente Entorpecido
Composição: Waters And Gilmour

Olá?
Tem alguém aí dentro?
Acena se me puderes ouvir
Tem alguém em casa?
Vamos lá,
Ouvi dizer que te sentes para baixo
Bom, eu posso aliviar a tua dor
Por-te de pé novamente

Relaxa
Eu preciso de algumas informações primeiro
Apenas coisas básicas
Podes me dizer onde dói?

Não há dor, estás equivocado
Um navio distante fumega no horizonte
Só chegas a mim por ondas
Os teus lábios movem-se mas
Não consigo ouvir o que dizes
Quando eu era criança eu tive uma febre
As minhas mãos caíram como dois balões
Agora eu tenho essa sensação novamente
Não consigo explicar, não entenderías
Eu não sou assim
Eu tornei-me confortavelmente entorpecido

Tudo bem
Apenas uma picadinha
Não haverá mais... aaaaaahhhhh!
Mas poderás sentir-te enjoado
Consegues te levantar?
Parece que está a dar resultado. ótimo.
Isso far-te-á aguentar o espetáculo
Vamos, está na hora de ir

2 de setembro de 2008

O dom e a palavra

Que palavra escolher? O velho dilema.

Esse é o dom dela, indissociável. Aquele irresistível prazer de sintetizar tudo quanto é sentimento. As palavras qualificam o pensamento, dão sentido ao que soa. A capacidade humana de pensar é resumida, de certa forma, no índice de vocabulário do ser.

Parece que, quanto maior a eficiência de um individuo em ‘descrever’ algo, maior a sua sensibilidade. Na real: pura artimanha das palavras. A articulação dos verbos pulsa nas veias. Dá movimento, ação às coisas.

Quem nunca se deslumbrou com a uma citação coerente, com o uso quase obsceno dos termos? Com a articulação verbal de um orador?

Dentro da própria palavra, em sua acepção etimológica, está o universo das possibilidades. Sempre é dito ‘escolha bem tuas palavras ou arque com as conseqüências’. Outro tipo de engano condicionado é possível? As palavras iludem, criam falsas expectativas. O pior disso tudo? Nós realmente esperamos isso delas.

A legitimação da mágoa também obedece a sintaxe. Esperamos da palavra alheia o sentido para amenizar nossos próprios adjetivos.


Uns Dias - Paralamas do Sucesso





O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta

Eu nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei

Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente

Eu nem te falei
Que eu te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor

E não porque sofria
Mas você chegou já era dia
E não estava sozinha
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar

21 de agosto de 2008

Manual de sobrevivência na vida adulta
Por Juliana Santiago

Qualquer criatura acima da idade legal de 18 anos é considerada adulta. Acho um limite pavoroso. “Adultez” vai muito além de uma questão de números e documentos. Tem gente que, mesmo com o passar dos anos, não cresce nunca. Tem outros que são obrigados a crescer antes do tempo.

E crescer não é tão legal quanto eu achava aos 8 anos. É trabalhoso e as decisões vão passar muito além do sabor do sorvete. Quando você cresce o fato de escolher morango ou chocolate afetará como você é visto, seu futuro profissional e mais uma série de assuntos que antes eram só um blábláblá daquela tia velha e chata.

Alguns fatores acabam auxiliando ou retardando o processo. Eu já passei por alguns deles e hoje, a beira dos trinta, às vezes ainda me vejo com vontade de mandar a minha mãe resolver, com a absoluta certeza que ela faria muito melhor. Como não é todo mundo que tem uma mãe disponível e competente, certas verdades a gente tem que descobrir por si só. Algumas delas são muito feias e não funcionam pra todo mundo.

Verdade feia, boba e cara de mamão N° 01: Vida Amorosa

Você vai descobrir que as pessoas não estão em “stand by” enquanto você vive. Sim, é lamentável, mas o mundo desgraçadamente não para de girar enquanto você está aí. Neste meio tempo, a outras pessoas também estão por aí, vivendo, sem a sua autorização, fazendo e pensando coisas sem a sua supervisão. O problema é delas e se você se deixar afetar (e você vai, acredite) azar. Pra piorar, elas nem sempre fazem o que você quer. Pra ser bem realista, quase nunca. E não há nada que se possa fazer quanto a isso que não seja crime.

A sua vantagem é que você também tem essa liberdade de viver enquanto os outros vivem. Aproveite seu livre arbítrio e vá cuidar da sua vida, exclusivamente da sua. A vida dos outros vai acabar ocasionalmente cruzando com a sua, aí você vai, ‘dá uma cuidadinha’, já que ninguém é de ferro. Mas não se negligencie jamais.

N° 02: Vida Pessoal (Ô termo ridículo!)

Vá morar sozinho e descubra dolorosamente que as roupas não se auto-lavam-e-passam, as contas não se auto-pagam e que a comida não brota na geladeira. E aí você finalmente vai entender o que seu pai queria dizer quando reclamava da falta de dinheiro. Ele realmente falta. E também quando a sua mãe diz que está cansada. Sua casa dá mais trabalho do que seu chefe.

E NÃO DEVA FAVORES! É pior que dever dinheiro, porque a dívida não expira nunca. Não se choque. Ponha-se no lugar dos outros de vez em quando e descubra que não custa nada colaborar. Você também reage da mesma maneira e não perdoa os débitos assim como os seus devedores da mesma forma cruel, mesmo que internamente.

N° 03: Vida profissional

Não fique desempregado. Vá fazer qualquer coisa, nem que seja carregar sacola na feira pra sua vizinha. Ainda que você seja ótimo e bem qualificado, não tem emprego sobrando. Assim sendo, por mais chato que seu chefe seja, por pior que você ganhe, por mais imbecil que seja a sua função, abrace-os todos os dias como se fossem mais importantes que um pedaço do seu corpo.

Sem emprego você não ganha dinheiro. Sem dinheiro você não paga suas contas, não se diverte e não é respeitado. Não importa que você seja legal. As pessoas vão ficar com peninha, mas vão continuar vivendo a vida delas, com o dinheiro delas e no máximo vão te quebrar o galho de vez em quando e te lembrar disso pra sempre.

N° 04: Vida Finaceira

Quebre! Nada como uma boa falência pra se aprender a dar valor à cada centavo, desde aquele do troco que a vendedora arredondou àquela coisa que você não precisa mas está na promoção. Uma vez quebrado, aproveite enquanto dever não é pecado, mas não deixe de pagar. O prazer de um cheque especial quitado é comparável a um orgasmo ou uma boa cantada. Faz você se sentir o máximo.

Escolha a dívida que cabe relativamente no seu bolso e pague uma por uma. As outras que esperem a vez. Duas ao mesmo tempo não adianta, você não vai dar conta e vai acabar é arranjando mais dívidas. O chato é lidar com as cobranças, mas lembre-se que a galera do telemarketing só está tentando trabalhar pra não ficar no mesmo buraco em que você está, se é que já não estão.

N° 05: Duas verdades absolutamente incontestáveis:

A) Falar é fácil e todo mundo fala mais ou menos. Mentir é fácil e todo mundo mente mais ou menos. E ambos são necessários. Às vezes mais, às vezes menos.

B) Não adianta receber conselhos. Você não vai segui-los se não tiver vontade, o que no calor do momento desaparece. Por mais que te digam que já passaram por isso antes e que tudo vai ser assim ou assado, sua mente e seus hormônios vão te fazer blasfemar, ligar pra quem não merece e gastar com o que não deve. No final, você vai ver que as pessoas estavam certas e você decidiu errado, mas não sem antes cometer mais algumas vezes a mesmíssima burrada. É humano e tão certeiro quanto praga de mãe.

O PRINCIPAL: Cuide-se. Ninguém pode fazer isso melhor do que você.

O PRINCIPAL DO PRINCIPAL: Escolha ser feliz e se o universo não colaborar, seja feliz na marra. Só pra contrariar. Apesar de todos os entreveros que o mundo vai te empurrar garganta abaixo (às vezes por pura diversão) respire fundo, engula e sorria. Enquanto o suicídio for pecado mortal, você vai continuar vivendo, o mundo vai continuar girando e por mais longa que a fase boa ou ruim seja, vai passar e você vai acabar achando graça. Vai por mim.

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Quer ler outras genialidades da Ju?
Acesse: http://comentariosdajuly.blogspot.com/

13 de agosto de 2008

Reabilitação

Dia desses vou largar tudo nessa vida e correr para os campos inexplorados desse mundo sem fim. Dizem que só escrevemos aquilo que pensamos, ou melhor, da forma que pensamos. Por essa razão, nos últimos dias, estou literalmente ‘nas trevas’. Nada de muito promissor sairá nas páginas que se seguem.

É só para treinar a fluência, mas, com sorte, liberto algum ente criativo preso nos pormenores medíocres do meu dia infeliz. Quem sabe, com mais sorte ainda, aprendo a correr pelos campos citados acima. Fujo e vou-me embora.

Acabou de me ocorrer outra palavra: reputação. Sim, muitas coisas podem mandar a nossa para as cucuias. É costume do ser humano (ainda que vil) condicionar a própria visão, o tempo todo. Vemos aquilo que queremos, somente. Uma pessoa pode passar de santo à libertino num piscar de olhos.

O pior de tudo isso? É que se somos ingênuos o suficiente para não prejulgar alguém, eis que aparece um motivo daqueles enormes e a sra. Antipatia dá o ar da graça.

Em minha opinião, é sempre bom saber o que pensam os amigos e, sobretudo, os inimigos. A gente aperfeiçoa certos traços da personalidade, tornamo-nos mais autênticos e recebemos a piedade daqueles que realmente merecem a nossa atenção.

Ainda vou fugir, mas levo comigo tudo o que sou e o que não devo. No meu caso é assim: ame ou deixe-me!

Amy Winehouse - Rehab



23 de julho de 2008


Parafraseando Sueli Dutra



Amenizo

O ontem não me diz mais nada
A reflexão de hoje me esgota, já chega!
Torno-me incapaz
o tema, o assunto, o dia, o bonde
E amenizo
O tudo é muito pouco
O nada me invade
Os pensamentos circundam, não revelam
Durmo, acordo e sorrio.
Amenizo
O rock me tranqüiliza
Que barulho terapêutico
O sol e as trevas, tudo em mim
No aqui e no agora
Oh mundão sem fim
Amenizo
A dor ensina, mas não pode durar
Encontro em mim a cura
Sempre esteve aqui
Amenizo
Ouço vozes
Leio o meu nome em toda parte
As pessoas me revelam, vasculham os meus segredos
É sinistro
Querem um pedaço de mim
Em contrapartida...

... Amenizo.

Sem Freud e sem canto. Pensei no texto e ele rodopiou em minhas idéias. Acabo de ler: ‘melhor sentir dor do que não sentir nada’. Já tenho cárceres demais, não preciso de ajuda. No melhor estilo, na melhor época e afiada como nunca.
“Então não vá embora
Agora que eu posso dizer
Eu já era o que sou agora
Mas agora gosto de ser”

Oswaldo Montenegro

16 de julho de 2008

O bom, se conciso, é duas vezes bom!*
*Baltasar Gracián

Produto genuíno da Web 2.0, o uso de microblogs testa o poder de síntese embutido em nós. Tomei emprestado o excelente artigo de Alexandre Berbe, amigo e consultor cibernético para todas as horas, a fim contar um pouco dessa nova onda, que, alias, já virou complemento no funcional Firefox!

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Twitter para bibliotecários
Publicado em 18.06.08 por A. Berbe

Conhece o Twitter?

O Twitter é um rede social que permite aos seus usuários o uso de microblogs. Cada artigo (post) de um perfil Twitter tem o limite máximo de 140 caracteres. Ou seja, a mesma quantidade de caracteres permitida numa típica mensagem de SMS.

A idéia do Twitter surgiu exatamente da facilidade de enviar uma mensagem SMS (”torpedo”) pelo celular. Logo, um usuário do Twitter pode enviar um artigo de dentro do ônibus, no intervalo de uma palestra, durante um show de rock’n'roll, na sala de aula ou de qualquer lugar, desde que tenha um celular em mãos ou um computador com acesso à internet.


Acredito que o Twitter não tenha se popularizado ainda no Brasil, mas é uma ferramenta que pode ser útil para determinadas situações. Um artigo recentemente publicado no site College@Home traz uma série de informações interessantes sobre as possibilidades de uso do Twitter para os bibliotecários e serviços de informação, além de uma lista de links sobre artigos e guias de uso dessa ferramenta.

Disponível em:
http://wl.blog.br/archives/144


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Outras opções para hospedagem de microblogs:

.:: Jaiku - http://jaiku.com/

.:: Gozub - http://www.gozub.com/
.:: Telog - http://www.telog.com.br/
.:: Pownce - http://pownce.com/
.:: Tumblr - http://www.tumblr.com/

10 de julho de 2008

Documentário “Ouviram no Ipiranga”

É com muita alegria que finalmente faço esta postagem. Pouquíssimas pessoas assistiram a este ‘fruto’ de um semestre inteiro. Trata-se do trabalho que mais me satisfez nestes ‘anos pouco dourados’ da graduação.

Em 2007, o tema proposto para o Projeto Integrado de Comunicação (PIC) foi Cultura. Nosso grupo produziu um documentário sobre o Hino Nacional Brasileiro, mais importante Símbolo Nacional, mas, ao mesmo tempo, desconhecido – ou incompreensível – para a maioria da população.

Depois de muito apanhar de alguns softwares para conversão de vídeos (Leo que o diga), está ai a proeza (não na forma e resolução que eu pretendia, mas está valendo). Espero que gostem!


6 de julho de 2008

Novos tempos

Nem sempre fica claro o porquê das coisas. Tem um caldeirão de idéias borbulhando em mim. Que delícia! Trago boas novas: a inspiração está mais próxima do que imaginamos.

Ganhei um presente muito especial: a oportunidade de participar de uma oficina de escrita criativa. Estou perto de descobrir como o Leo tem sacadas tão geniais em fração de segundos (claro, metade disso se deve ao fato de ele ser uma pessoa genial!). O texto abaixo ‘aconteceu’ durante um dos exercícios da oficina. Dêem um desconto, tive menos de um minuto para produzi-lo.

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Aviso prévio

Prezado Crítico Interno,

Obrigado pelos anos ininterruptos de seus préstimos e por todos os ‘nãos’ importantes que dei até hoje. Sinto que é hora de mudarmos nossa relação. Primeiro: tire férias! Sim, você está acabado e, de uns tempos para cá, tornou-se ranzinza demais. Não se auto questione, também não fui um excelente aluno.

Você fez o que pode e eu agradeço. Te deixo faltar no trabalho e tomar quantos sorvetes quiser. Passado o tempo de seu repouso, quem sabe poderíamos fazer uma troca? Eu fico no seu lugar até se acostumar com o nosso novo ‘eu’.

Grande abraço e um ‘cheiro’.

Atenciosamente,

Estímulo Criativo

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Na vitrola, por ser linda:

Até a próxima!

22 de junho de 2008

Agonia, por Sueli Dutra

Não tenho o direito de estragar esse momento. Limito-me a contar que tenho pedido para pessoas que amo e admiro, por diversas razões, um presente incomum: escreva algo, sobre qualquer coisa. A escrita revela muito do que somos...

A estréia da sessão acontece por meio de um texto que me intrigou. Que bom! Sinal de que alcançou o seu objetivo. Deixem fluir. Agora será assim: sempre que possível, postarei os textos-presentes que me chegam. Boa leitura!

Agonia (São Paulo, 23/05/2002, às 13h5min)

O Hoje exige reflexão.
Não sobre Ontem ou Amanhã, mas o Agora.
Nada me satisfaz...
a confissão, agrado, conversa, o outro.
E agonizo.
Tudo é demais,
nada suficiente.
Tenho pensamentos mórbidos, sem fim.
E não acordo. Não durmo.
Agonizo.
Quanto barulho!
Esse silêncio.
Sem luzes... ou trevas.
A visão de outro mundo,
dimensão inacabada.
Agonizo.
A sensação de dor
Porque não dói, não machuca.
Incomoda. É constante,
calor que dá frio... calafrios.
Agonizo.
Anjos tocam e cantam
horrores indizíveis, visíveis.
Vozes... sons...
Que envolvem, alucinam, enlouquecem...
Mais alto, mais alto, mais alto.
Explodem, uníssono.
Agonizo.

Era um dia de sol lindo! E estava feliz. E não havia ninguém por perto com quem quisesse compartilhar daquele momento. Uma caminhada, um lanche rápido, caneta e papel à mão. E tudo tão brilhante. Ao contrário, me saiu ‘isso’ – um alien. Só tempos depois que refleti sobre o ocorrido... Estaria possuída por um outro? Havia alguém que queria se comunicar e o fez através de mim? Nada! Havia, creio nisso agora, uma angústia escondida, inconsciente, que foi exorcizada pela minha sensação de alegria e o sol que me invadia. Freud explicaria! Na minha intimidade, um luto – que tem começo, meio e fim -, chegou ao seu termo. E viva o luto - que não é a melancolia.

Obs.: Pensei em incluir aqui os significados que o dicionário comum atribui às palavras ‘luto’ e ‘melancolia’. Mas ele não dá conta da nossa complexidade: a humana! Por isso, fica a sugestão de leitura do texto “Luto e melancolia” de Sigmund Freud, em Obras Completas.

(São Paulo, 20/06/2008, às 10h47min)

Sueli Dutra

11 de junho de 2008

Intertextualidade na propaganda
















Essas e outras pérolas: http://desenblogue.com/

10 de junho de 2008

E eu, uma ovelha!

Para uma terça-feira nocivamente informativa, espero que minha ‘sósia’ Annabelle, recentemente intitulada, desfrute de um dia mais espirituoso.

9 de junho de 2008

Manual de assessoria de comunicação para download

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) disponibiliza em sua página na Internet um Manual de Assessoria de Comunicação. A publicação, editada desde 1985, nasceu por conseqüência da escassez de livros voltados para esse segmento, naquela época.

A carreira de assessor de imprensa, hoje tão consolidada, só passou a ser peça-chave no país, tanto no setor público como no privado, após o ressurgimento do processo democrático no Brasil, meados da década de 80. O período pós-regime militar atribuiu ao profissional de comunicação maior importância no contexto social, como prestador de contas à sociedade.

A última edição do manual Fenaj, revista e ampliada, foi (re) publicada em 2007 e está em sintonia com o novo feitio do profissional contemporâneo, também considerado ‘multimídia’.

“Embora a tarefa de conceituar essa função seja de competência de estudiosos, este Manual pretende esclarecer e contribuir para que a função de assessor de imprensa, exercida exclusivamente por um jornalista, profissional diplomado (Decreto lei nº 83.284/1979), de forma reconhecida e valorizada pela sociedade brasileira”.

Apresentação do Manual


Acesso ao manual:

http://www.fenaj.org.br/mobicom/manual_de_assessoria_de_imprensa.pdf

Para visualizá-lo, é necessário ter o Acrobat Reader instalado. A versão mais recente do programa está disponível para download em:

http://www.adobe.com/br/products/acrobat/readstep2.html

8 de junho de 2008

Projeto Experimental, a última etapa

Depois de criar um blog, ficar insatisfeita com as opções de layout, mudar outra vez e trocar de domínio, finalmente compartilho a minha mais recente empreitada.

O blog Habitat Virtual é fruto da etapa final de minha graduação em jornalismo. Trata-se da união dos exercícios de webjornalismo com a proposta-tema do Prex (Projeto Experimental). Como não é difícil imaginar, abordarei a Internet como meio de propagação da cultura de massa e a relação que o usuário/indivíduo estabelece com este meio. Para essa correlação, observo uma nova vertente de estudo nos institutos de psiquiatria: a dependência em Internet.

Com tempo e paciência, vou publicar alguns textos pertinentes à pesquisa, esmiuçar as etapas do projeto e, com sorte, antecipar alguns detalhes do livro-reportagem, formato final do trabalho. O blog servirá ainda para pesquisa, coleta de links e outras informações que unam os exercícios de webjornalismo em auxílio ao Prex.

Passem por lá, “comentem, questionem, xinguem” e, mais uma vez, “sintam-se em casa”. A contribuição de todos é muito bem vinda e extremamente necessária.

Link da farofa: http://habitatvirtual.wordpress.com/

Sobre a vontade...

Em concordância com a minha expectativa para ver Blindness, de Fernando Meireles, pósto abaixo o vídeo que capturou a reação de Saramago ao assistir o dito.

Só fiquei com mais água na boca! A estréia do filme no Brasil está prevista para o dia 5 de setembro, antes da exibição em solo norte-americano, programada para 12 de setembro.

20 de maio de 2008


Pluralidade, por Soul Hunter

Tens o olhar de menina,
Na mente de uma pensadora
És mulher de palavra
Santíssima trindade... donzela, mãe, anciã

Vês o que ninguém mais vê
O fio tênue de uma linha
Tens em si uma pluralidade
Seja ela presente e bela
Seja passada e ativa

Vieste a esse mundo
Para dar a poucos
Um gostinho de pluralidade
A visão de um mundo sem véus

Por seres única e plural,
E teres em ti a força da rima
Es o mar de pluralidade
Tu és, simplesmente Carolina.

Tharini, adorei o presente! E você é linda!

Para ler mais Soul Hunter (pseudônimo artístico da Tha), acesse:

Idílios Poéticos: http://soulhunter2.blogspot.com/

15 de maio de 2008

“Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara”*

A adaptação cinematográfica do romance português ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ abriu o Festival de Cinema de Cannes ontem, 14/05. O novo filme de Fernando Meireles, intitulado Blindness, levou mais de dez anos para sair do papel, visto que, Mr. José Saramago se recusava vender os direitos do livro sob o forte argumento de que “o cinema destrói a imaginação”. Este eu não posso perder!


Trecho do livro:

“Quando o médico e o velho da venda preta entraram na camarata com a comida, não viram, não podiam ver, sete mulheres nuas, a cega das insônias estendida na cama, limpa como nunca estivera em toda a sua vida, enquanto outra mulher lavava, uma por uma, as suas companheiras, e depois a si própria.”

José Saramago, 1995

*Na contracapa, citado de um fictício ‘Livro dos conselhos’.

:::: Ficha Técnica

Elenco:
Julianne Moore
Mark Ruffalo
Alice Braga
Danny Glover
Gael García Bernal
Sandra Oh
Jorge Molina
Katherine East
Scott Anderson

Direção:
Fernando Meirelles

Produção:
Andrea Barata Ribeiro
Niv Fichman
Sonoko Sakai

Fotografia:
César Charlone

Trilha Sonora:
Marco Antônio Guimarães