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12 de outubro de 2009

Questão de valor: o susto sem custo

Eu sabia que a postura irrevogável de não ceder ao imperativo tecnológico-consumista ainda salvaria minha vida. Essa costuma ser minha piada de ‘cunho educativo’ favorita para justificar o fato de eu esgotar a vida útil de meus parcos apetrechos tecnológicos. Geralmente, lanço mão desta em resposta aos inúmeros “pô, Carol, celular sem bluetooth já não pertence mais a essa era!” ou “seu aparelho vai ser confiscado como patrimônio histórico dia desses” que sempre ouço ao atender o celular em público. Ué, que mal tem manter um aparelho que ainda se presta – muito bem, obrigada – a sua vital finalidade: fazer e receber ligações?

Com a graça do bom Criador, sobrevivi para tirar a ‘prova dos nove’. Na última quinta-feira, sofri a tentativa de assalto mais frustrada de que já tive notícia. Voltando da aula, depois de atravessar a cidade, caminhava pela rua de casa rezando para jantar>ver os emails>dormir feito um anjo>e não perder a hora. Na rua deserta e escura, sou abordada por dois rapazes em uma moto. A balão aqui, ouvindo Metallica no Mp3, pensou que eram conhecidos ou que queriam alguma informação (sim, alguém poderia estar perdido nos confins do Pq do Lago às 0:45hs, porque não?).

A moto pára, eu tiro o fone do ouvido direito, faço cara de 'doida-simpática-em-que-posso-ser-útil?' (com uma sutil expressão interrogativa de 'eu-te-conheço-de-algum-lugar?'). De alguma forma, isso amenizou a pose de 'somos dois homens grandes e armados e você, além de mulher, está só e não poderá reagir'... Foi só 1/16 de segundo, mas percebo agora que eles acharam a situação um tanto curiosa e ‘pegaram leve’ quando deram voz de assalto. A expressão do cara que desceu da moto - sugestivamente com uma das mãos debaixo do casaco - era de "por gentileza, acaso você teria um celular ou algo de valor do qual gostaria de se desfazer esta noite?".

Bom, deve ter sido só impressão minha. Quando ele disse "vai mina, passa o celular", juro que quase contive o riso - e o desespero. Pensei: "F#$%! Ele vai ver o meu acessório vintage que quase lembra um aparelho celular e vai me bater, só de raiva". Já logo emendei, enquanto procurava o bichinho na bolsa: "Olha, garanto que não vai ser um bom negócio"... Ele achou que eu estava fazendo alguma piada - ou estava bêbada. Só pode. Pegou o meu pobre guerreiro que não toca, nunca tem créditos e me faz passar raiva as vezes com uma expressão que beirava a compaixão. E, pasmem, DEVOLVEU! Para não passar a noite em branco, fitou quase sem esperanças o meu fone-de-ouvido-cacareco e disse: "E esse fone ai, tá ligado onde?". Quase respondi: nem te conto! Mas me limitei a mostrar o 'refúgio de todas as fossas', meu pequeno e feio Mp3 player, praticamente o Matusalém da Tecnologia. Também não interessou.

Acho que, se ele tivesse feito alguma aquisição ilícita naquela noite, eu seria objeto de sua caridade. Ele encerrou a curta demonstração de quinquilharias com um 'beleza, mina!'. Subiu na moto e saiu fora. Só me restou cessar a tremedeira nas pernas, dar alguns passos, chegar em casa, agradecer a Deus e achar alguma graça nisso tudo. O caso me fez lembrar da célebre frase de Chaplin: não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho. Eu realmente ficaria p* da vida se o cara cismasse em levar - ou destruir - uns dos aparelhos que não valiam nada (para eles), sobretudo porque tinha uma semana de trabalho no pen driver...

O pior de tudo veio com as reflexões posteriores que me levaram ao lugar comum de ‘melhor ser assaltada por profissionais, que logo percebem a causa perdida e não pioram muito a situação’. Ruim mesmo seria, me disseram, se fossem inexperientes e me agredissem só por diversão. Logo lançarei o promissor manual de ‘Como ser assaltada, fazer cara de paisagem e fingir que as coisas no mundo não são tão ruins como parecem’. Melhor não reclamar. Como normalmente acontece, poderia ter sido trágico.

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Pega eu - Bezerra da Silva

"O ladrão ficou maluco de vê tanta miséria em cima de um cristão que saiu gritando pela rua pega eu que eu sou ladrão!'"







10 de agosto de 2009

Sobre o amor, a fossa e suas intempéries

Não é agradável presenciar um amigo experimentando a decadência. Por diversas vezes eu mesma fui cobaia dela. E esse ombro que aqui vos fala já foi palco de muitas lágrimas. Disso, ombro e eu, tiramos uma lição: não importam palavras, vá para o raio que o parta com os afagos e nem tente piadinhas fora de hora. Todo sofrimento tem uma missão em nossa vida. Nos coloca diante daquilo que mais nos enfraquece e nos obriga a ir além.

Ninguém que eu conheça sai imune de uma situação dessas. As decepções amorosas, no estágio alfa, levam fragmentos nossos, como uma hanseníase biográfica que vai desprendendo parte de nosso ser. Os pedaços de nossa história vão caindo e bate um desespero nessa hora. É ver o melhor de você, entregue com tanto carinho e confiança na mão do outro, ser posto na lata do lixo (também temos nossa parcela de culpa nisso), junto com outros dejetos orgânicos, o que o impossibilita de ser reciclado.

Perguntas que faço nessa hora: qual preço está disposto a pagar para ter por perto quem se ama/gosta/deseja? Esse preço é justo? Compensa condicionar a sua vida em função de alguém que não está tão disposto assim? O amigo em questão é um ‘cara gente boa’, como sempre digo ao apresentá-lo. Sabe aquele tipo firmeza que é capaz de pensar duas vezes antes de magoar alguém? É dele mesmo que estou falando. Ele é phoda!

Só tenho um conselho a dar. Aliás, dois: curta a sua fossa, pelo tempo suficiente. Como saberá que chegou a hora de parar? No momento em que começar a ficar estéril para a vida – vai por mim, é melhor brecar a coisa antes. Aproveite essa fase de introspecção para avaliar as suas escolhas e, sobretudo, o preço a ser pago por cada uma delas. Depois disso, garanto, você ficará mais seletivo e atento com relação aos ‘jardins em que pretende colher o pólen’. Sua alma estará mais decorada.

Sabemos, afinal, que o príncipe encantado ou a mulher dos sonhos não existem. São parte da projeção de algo que já se propaga dentro de nós. Na hora certa, você estará pronto e será exatamente aquele que um outro alguém estava esperando. E voilá! O segundo conselho vem em formato de uma lista de ‘músicas apropriadas para curtir a fossa com estilo’. Não obedecem, necessariamente, minha preferência e critério de intensidade sonora. Fazem parte do meu setlist, com letras que já expressaram exatamente o que senti e me dão, hoje, sensação de ‘pertencimento’ ao grupo dos que se curaram e cresceram com isso.

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Sounds of Sadness:

*Led Zeppelin - Since I've Been Loving You

*Gram - Você pode ir na Janela

*Pearl Jam – Black

*Paralamas do sucesso - Uns Dias

*Ramones - Poison Heart

*The Corrs – Radio

*Elza Soares - Espumas ao Vento

*Hoobastank - The Reason

*The Cranberries – Linger

*Capital Inicial - Tudo que Vai

*Roxxete - It's Must Have Been Love

*Zeca Baleiro - A Flor da Pele

*Led Zeppelin - Babe I'm Gonna Leave You

*Lenine – Paciência

*Metallica - Tuesday's Gone

*Cartola - O mundo é um moinho

*Amy Winehouse - Back to Black

*Seal - Kiss From a Rose

*Elton John - I'm Still Standing

*Queen - I'm Going Slightly Mad

*Cazuza - Codinome Beija-flor

*The Mission - Butterfly On A Wheel

* Creedence Clearwater - Heard It Through The Grapevine

*Guns N' Roses - November Rain

*Pitty - Na Sua Estante

*System Of a Down – Forest

* Duffy – Mercy

*Caetano Veloso - Você Não Me Ensinou a Te Esquecer

*Cordel do Fogo Encantado - O Amor é Filme

*The Beatles - Don't Let Me Down

*Joss Stone - Right To Be Wrong

* Megadeth- Almost Honest

*Pink Floyd - Wish You Were Here

*Los Hermanos – Anna Julia

*Radiohead - Creep, No Surprises, High and Dry, Paranoid Android e todas as outras

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Impossível ainda é não citar um comentário que o Leo fez, há muito tempo, no blog da Zwe (eu disse que um dia usaria isso):

"O amor se torna tranqüilo quando todo o resto da vida exige demais de você. Sendo assim, ele passa a ser seu porto seguro, pois espanta o medo ao invés de provocá-lo. Se ele não apara a sua queda, mas sim surge como uma das imagens que passam velozmente enquanto se cai, junto com as contas a pagar, os amigos perdidos e os motivos das cicatrizes, não merece ser chamado de amor".

Meu único desejo: fique vivo e bem. Já já passa. Juro.

Sem mais para o momento,

Ombro da Carol.


5 de agosto de 2009

Receita de sonhos...

Sou uma sonhadora incondicional e confessa. Meus dias são motivados por estas ‘realizações do porvir’. Gosto de dar asas à imaginação e me deixar flutuar em suas nuvens desconexas e imperfeitas. Sou ainda do tipo que dá corda para a criatividade alheia. Como uma porta-voz do ID, aquela entidade que habita o nosso ombro esquerdo e sopra dizeres encorajadores. Santo Freud que, aliás, muito tinha a dizer sobre os sonhos.

São vários os exemplos que me inspiram, frutos da persistência tipicamente humana de alcançar o oásis imaginado. Minhas aspirações são mais modestas, na maior parte do tempo. Tem dias que o princípio de prazer é tão simplório que me imagino perante o Espelho de Osejed (HP) pedindo a mesma coisa que Dumbledore supostamente pediria – um par de meias. Aliás, quem bem me conhece sabe que elas estão na lista das coisas que mais gosto de ganhar. Entre livros e artefatos de papelaria, CD’s e encordoamento de aço para violão.

Do que são feitos os sonhos? Fermento, farinha de trigo e essência de baunilha. Simples assim. Percebo agora que não tenho um grande projeto de vida. O que tenho são ‘planos intermediários‘ que dão sentido a minha existência, que vão forjando o meu ser em doses homeopáticas. Eles desempenham papel fundamental em cada fase que perpasso (como as gratificações que recebemos, a cada level do jogo que avançamos). E é disso que sou feita: de pequenas motivações diárias e paradas para o sorvete de morango com calda caramelo, no meio do expediente.

Quer uma boa receita? Recomendo a animação Kiwi, já bem popular, que sempre me emociona. Gosto desta edição, com a instigante ‘Wishlist’ do Pearl Jam na trilha. Já dizia Fernando Pessoa, ‘somos do tamanho dos nossos sonhos’. Portanto, cresça e aconteça. Arrume uma maneira inusitada, mas não deixe que a ausência de asas lhe faça perder o pique de saltar.

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4 de agosto de 2009

Detalhes tão pequenos...

... ou ‘Particularidades da Gripe Suína que Não nos Contaram’

É uma pandemia. Sim. Todos estão alarmados. Sim². Presenciamos uma nova configuração social em função do pânico. É para tanto? A tal da ‘hipocondria transitória’, causada por um ‘estresse psicossocial’ é o jargão médico para definir a neurose atômica que nos assola nesses tempos espirrados.

Mas, será mesmo que ninguém está lucrando com essa história? O documentário ‘Operação Pandemia’, do diretor argentino Julián Alterini, vai na contramão do que chamo ‘espetacularização de crise’ e nos fornece, digamos, outras inconveniências atreladas à pandemia.

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Texto narrado por Joaquín Arrieta, no documentário “Operação Pandemia”:

Atuemos ativamente, mas nunca aceitemos nos manter num estado de paranóia e sufoco. Cuidemos de nós e de nossas famílias, tenhamos em mente as medidas de prevenção, mas também, ter bem claro que esta fórmula em algum momento terá que mudar, porque estão jogando conosco, estão negociando com a sua saúde e a saúde de seus filhos.
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Só para constar, penso que as recomendações preventivas da ‘gripo porcina’ não servem só para o H1N1. Li coisas como ‘lavar as mãos, escovar os dentes e passar o fio dental’. Alô?! Será que minha mãe já previa um surto gripal desses, visto que incorporou tais práticas em minha rotina diária desde que eu me entendo por gente? O_o


3 de agosto de 2009

Sobre agosto, o gosto e o causo

Paixão nos deixa assim: monotemáticos e aéreos. Como diria Clarice Lispector, minha favorita, sofro de uma falta essencial de assunto. Mas escrever é preciso. Encantarmos-nos também.

E a vida segue, como se não precisasse de mim. Como se eu estivesse temporariamente desobrigada de descrevê-la, mencioná-la, deixá-los a par.

Tenho tanto causo para contar. Mas não vem ao caso. Escrevo só para constar que estou viva, que estou atenta. Escrevo sobre o frio e sobre o cobertor de orelha. Sobre os dias e sua inalterabilidade.

É mês de agosto. Já é. Posso prever os enfeites natalinos e aquela crise existencial que bate à porta quando pensamos: o ano está acabando. Sim, o tempo passa e as coisas melhoram. Evoluem.

Agosto, por Rubem Fonseca

Um mês de paixões, de gestos de desespero e de loucura.
Um mês de multidões vociferantes nas ruas.
Um mês sombrio de trágicas ilusões,
encerrado pela inalterabilidade do cotidiano – a vida continua.

High Hopes - Pink Floyd





Volto já!

26 de junho de 2009

Michael Jackson, por Jorge Forbes*

Texto enviado por Teresa Genesini

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"Foi no momento da esperança que Michael Jackson morreu: foi quando o mundo inteiro esperava seu retorno na velha Londres. Ele quebrou as tradicionais bancas de apostas que se dividiam entre o sucesso estrondoso ou o aplauso de consolação; nem um nem outro, a cada qual agora de decidir, em seu próprio sonho, como foi o último show.

Não perguntem a um psicanalista sobre as doenças psíquicas do menino de Ben. Primeiro porque não se diagnostica à distância, segundo, e mais importante, porque a genialidade de Michael Jackson não cabe em nenhum enquadramento psicopatológico. Michael Jackson não foi o maravilhoso artista porque sofria, mas por ter sabido em sua arte ser maior que o sofrimento que deixava transparecer e que lhe causou tantos problemas.

Seria muito reducionista pedir o aval freudiano à historinha pronta a ser acreditada: filho caçula de um pai tirânico, tendo sua infância roubada por uma imposição de trabalho e sucesso, o moço não teria outra opção na vida adulta se não recuperar, em parques de diversões fora de data e em compras compulsivas, a alegria infantil um dia proibida. Por favor, não! Essa história pode explicar muita gente, mas não faz um Michael Jackson.

Nenhum diagnóstico que colemos a Michael Jackson explicará a química de alguém que fez o mundo andar na Lua. Suportemos o silêncio de sua morte e de seu sofrimento. Sua música e seus gestos é o que ele nos deixa eternamente".

Jorge Forbes, São Paulo, 25 de junho de 2009.


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*Forbes é psicanalista e médico psiquiatra em São Paulo.


You Rock Our World!



20 de junho de 2009

Sobre o mimo e as madeixas

Depois de ler tanta abobrinha sobre o desserviço na decisão a respeito do diploma de jornalismo, é bom ter algo que me humanize.

Conheci ele há pouquíssimo tempo. De cara, percebi o tipo ‘indivíduo observador’. É sempre bom tê-los por perto. E ele acertou na mosca. Me deu um presente. Nem sabia que, há tempos, fundei essa tag no Pluralidade. Porque gosto do ‘escrever’ de muita gente.

Palavras que me completam. Pensamentos que tinham tudo para serem meus. Que bom que não o são.

Compartilho com vocês uma das poesias que ganhei de Robledo (ou @mediador) sobre minha juba. Já é querido. Já é amigo. Já é dos meus. Tipicamente da ‘minha laia’.

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Rebeldia Organizada, por Francisco Robledo

Sentava longe pra olhar de perto
Hoje fico perto pra ver melhor
Mas eles não se decidem pra onde ir
Não sabem que ainda assim se mostram

Ainda olho-os de longe e de perto
Imagino o cheiro, a consistência
E como se organizam tão disformes.
É bela esta desordem indescritível.

Sua alma os reconhece, os trata bem.
Não se enganem com a aparência
Eles dizem mais do que ela – sempre.

Sua Ama os retém, mesmo que ainda
Estejam livres para se mostrarem
Individuais e belos como planejado.

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Essa Boneca Tem Manual? - não podia falar a trilha sonora, certo?!
“Nos segredos dela se aposta viu, nos cabelos dela não se toca, ouviu?!”





A animação massa do vídeo é de Andressa Moreira & Cia.



18 de junho de 2009

Eu passarinho...

Quatro anos de graduação e muita, muita transpiração. Não sou do tipo que já nasceu sabendo o que queria ser ‘quando crescesse’. Com o curso já em andamento e com o crescente entusiasmo pela área de humanas aflorando, certo dia acordo e percebo que cursar jornalismo foi uma das decisões mais acertadas que tomei em minha vida.

Não porque escrevo bem ou porque faço tipo irreverente. Simplesmente porque acreditava que as coisas podiam ser diferentes. Sim, o jornalismo praticado no Brasil (ou o que se subentende por tal) ainda me envergonha. E muito. Mas a academia - e aquela sementinha que alguns professores engajados plantam na gente - me colocaram em contato (e deram sentido) a minha paixão pela disseminação do conhecimento.

Eu seria uma jornalista melhor sem isso? Como diria Quintana, ‘a resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas’. Com certeza, sou uma pessoa melhor do que quando adentrei as portas da faculdade, apenas com uma vaga noção profissional e sem saber direito o que fazer com ela.

Se defendo a reserva de mercado? É óbvio. Ou será que, se ao invés de me comunicar bem, tivesse recebido uma luz do ‘Espírito Santo’, dizendo que o grande dom de minha vida é ser cirurgiã plástica. Vamos lá, gente! Vou trocar de profissão agora e preciso de cobaias – já que diploma é mero acessório. Quem se habilita?

O conhecimento é o único bem que não nos podem tomar. Por isso, não me arrependo por um segundo que seja de todo o suor e lágrima que a graduação me custou. O que me deixa triste e envergonhada no dia de hoje é saber que, no meu país, pouco importa se a categoria é legítima ou não. Pouco importa o genocídio intelectual promovido pelos ditos ‘formadores de opinião’. E, no mais, os sofismas usados para justificar a arbitrariedade estão na lista dos ‘assustadoramente absurdos’.

‘Diploma desnecessário: uma decisão danosa’, por Alberto Dines

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
Mario Quintana

Carolina Beu
Jornalista
MTB 56.307/SP
For nothing

28 de abril de 2009

Me diga 'quem tu és' e eu direi 'como andas'...

... ou a 'Nobre Era dos Formulários'.

Há muito tempo tenho matutado acerca deste assunto. Estamos em plena ‘era dos formulários’. Com a expansão das redes sociais, a todo momento nos deparamos com a intrigante tarefa de nos descrevermos. Ou melhor, de criamos personagens virtuais pretensos a serem aquilo que julgamos ser nossa imagem e semelhança.

Mas, ‘péra lá!’. O meu humor não varia apenas na tríade ‘inteligente/sagaz/pateta’ (clichê orkutiano). Perceber isso já é o primeiro passo, não? Obvio, não se trata aqui de pensar em como fornecer informações subjetivas a meu respeito em um meio que não convém. Luli Radfahrer disse agora a pouco que os “desabafos no Twitter definem hoje as cores, raças, castas e crenças que seriam riquezas se pelo menos fossem diferenças”.

A dicotomia reside no fato de que, cada vez mais, vejo que as pessoas acreditam nessas classificações superficiais e as tomam como parâmetros confiáveis para compreender o outro. Calma, os métodos de psicanálise online (ou caminhos para viabilizá-la) já são questionáveis demais para todo mundo achar que deve ‘soltar o verbo’ acerca de si mesmo na web.

Mas, afinal, o que é ter um profile atrativo? O que é ser ‘descolado’? É não ter nada para dizer e, ainda assim, 300 pessoas te seguirem no microblogging (maldito sejam os plugins que capturam os seguidores dos outros)? É ir para uma festa e posar em fotos ‘apropriadas’ para o Orkut que, de preferência, mereçam a tag olha-como-eu-sou-bonita-e-feliz (sério, acho hilário ver o povo fazendo caras e bocas e premeditando o ângulo ‘casual’ da pose em função disso)?

Na boa? Penso que já passou da hora de adotarmos uma postura mais honesta em relação aos outros e, sobretudo, com nós mesmos. Chega de dissociar o ‘eu’ como sendo ‘virtualmente amigável’ e ‘socialmente apático’. Muito me preocupa ver tanta gente mostrando algo que não é. Procure terapia, adote um cachorro ou, melhor, desligue o monitor e olhe para dentro de si.


3 de março de 2009

Será o benedito?

São Paulo, seis horas da manhã. Os termômetros da mais paulistana das avenidas sofreram alguma pane: estão pensando que já é hora do almoço. O dia mal se abriu e as parafernálias marcavam 25ºC. Cazuza bem descreveu a polaridade térmica... “Nas noites de frio é melhor nem nascer. Nas de calor se escolhe: é matar ou morrer!”.

Enquanto São Pedro ironiza, a gente derrete. De acordo com fontes da Agência Espacial Brasileira, alguns cientistas foram enviados à Nasa para participarem do processo de finalização do projeto CARSN12 (Câmara Anti Radiação Solar de Noé) - o 12 faz referência a Profecia Maia que diz que o mundo irá acabar em 21/12/2012.

Alguém aqui já assistiu ao filme ‘Número 23’, com o Jim Carey? Eu nunca resisto a uma boa conspiração. Epa, a soma das letras de meu nome é 23! O_o

Céus, quanta abobrinha! Adoro.

1 de março de 2009

A new life is born...

Pára tudo! Olhem o luxo de template que ganhei de presente (sim, Bel, o layout customizado provisório mais chique que já vi). Estou prometendo uma repaginada no Pluralidade há muito tempo e a incrível Bel, que conheci na época da montagem do livro-reportagem, tornou isso possível. Já sei como agradecê-la!

Dá até gosto escrever agora. Alguns meses de manuscritos acumulados hão de me valer. Chega mais, gente! Vamos tomar um café e prosear um cadinho...

Queen - Breakthru



8 de fevereiro de 2009

Colocando ordem na casa


Este blog está temporariamente em manutenção (e a administradora dele também!). Em breve, teremos novidades.


7 de janeiro de 2009

Só o rock salva!

Estava eu em casa quebrando a cabeça para consertar o sumário do livro de uma amiga. Havia certa melancolia pairando no ar naquela tarde. Jurureza, é como eu costumo chamar a nociva associação espontânea do tédio com improdutividade criativa. Meu irmão tinha acabado de ‘resgatar’ o The Bends, do Radiohead, em vias suspeitas do UTorrent. Fazia muito tempo que eu não ouvia High and Dry. Como podem imaginar, a fossa ficou completa.

Minha amiga, a Elieth, estava sentada no banquinho ao lado curtinho, distraída, a baladinha. Minha mãe sempre diz: ‘se acaso chegar ao fim do poço, pare de cavar!’. Lembrei desse conselho e a carapuça serviu até o pé. Interrompi bruscamente a música, olhei para a Ely e proferi a frase que, os que me conhecem sabem – vide Sueli, Zwe, Paulo, Raul e afins -, é quase um grito de liberdade: “minha filha, só o Rock salva!”.

Acho que comecei a ouvir alguma coisa do ‘No More Tears’ – alguns vão me criticar, mas é o CD do Ozzy que mais gosto. A Ely, ‘sertanejera’ de marca maior, preparou o habitual olhar de censura. Mas meu ânimo já havia dado um ‘up’ de 180 graus. Ouvi uma frase muito curiosa dela: “Carol, no fundo, todo metaleiro é um romântico enrustido”. Penso hoje que ela pode ter alguma razão, mas na hora não quis dar o braço a torcer.

Eu adoro Rock – de Pantera a Paralamas - e, acreditem, a culpa é toda do Queen e do ‘bendito’ riffe de Bohemia Rhapsody, logo depois da ópera. “Abra seus olhos, olhe para cima nos céus e veja: eu sou apenas um pobre garoto, eu não preciso de simpatia”... Enfim. Eu tinha 13 anos e para esse caminho não há volta. O que parecia impossível aconteceu: em novembro do ano passado, eu compartilhei oxigênio com Brian May e Roger Taylor em um dos melhores shows de minha vida.

Hoje em dia, meu gosto é mais eclético. No MP3 player pulo de ‘Gimme! Gimme! Gimme!’, do Abba, para ‘Fuel’, do Metallica, sem fazer cara feia. Quase uma heresia para quem já viu e ouviu Rush (Morumbi – 2002), Deep Purple, Sepultura e Hellacopters (Pacaembu – 2003). Ixi, a lista é grande. Já vi Oficina G3, Dream Theater, Dio – o rei –, Megadeth, fora os nacionais.

A nostalgia toda – ou antologia musical by myself – é para contar que hoje recebi a notícia de que vou realizar mais um sonho! Além de Elton John, em janeiro, vai ter Black Sabbath, com ninguém menos que Ronnie James Dio nos vocais, em maio! A lista está encurtando... Depois disso, não vai ser impossível ver o Led, o AC/DC, Van Halen...

E, como agora já sabem que só o ‘Rock Salva!’, deixo vocês com a ‘batalha do século’, em que Jack Black e Kyle Gass desafiam o Belzebu para um duelo de rock! A cena é do hilário Tenacious D, de 2006. Aliás, se querem dar boas risadas e ainda serem apreciados com uma p* trilha sonora, fica a dica!






Let the rock off begin!


5 de janeiro de 2009

Até que a ADSL nos separe

Tem dias que acordamos com o humor afrodescente (em quatro anos de graduação, aprendi que algumas expressões carregam carga pejorativa e, como sou politicamente correta na maior parte do tempo, não poderia cometer essa gafe). Um comentário meu no blog de uma grande amiga rendeu o primeiro post do ano. Sempre digo que o define a 'genialidade' - ou caráter cômico - de um texto, poema ou reflexão sobre a vida é a forma irreverente que eventualmente encontramos para descrever alguma situação.

Estava pensando sobre o meu estado de espírito e cheguei a um esboço de conclusão. A minha tecla ‘F*-se’ (maravilhosa, funcional e libertadora) estava quebrada. Emperrou mesmo. Num ato de desespero, dei uma baita pancada nela. E não é que agora a bandida afundou de vez e eu não consigo mais sair do estado de graça? Ops, entendam: não estou reclamando! =)

Para os que ficaram curiosos em saber o desfecho de meu Projeto Experimental, atualizei o quase moribundo Habitat Virtual - com direito a JPGE da capa do livro e prévia do texto de apresentação. Visitem, comentem, desçam a lenha e sintam-se em casa.

Puxa, queria postar um vídeo. Para tudo em minha vida tenho uma trilha sonora adequadíssima. Parece até que premedito as situações de acordo com esta ou aquela melodia. Mas a desavisada aqui foi fazer um grampo do telefone para gravar a entrevista de uma matéria (vulgo, gambiarra das grandes) e minha placa de som cantou a chinela pra cima de mim. Só restou o meu MP3 guerreiro e a divindade das caixinhas de som para celular de meu primo (com saída P2). Alguma coisa tinha que me valer nestas horas, não?

Sem videozinho desta vez. Humpf!

Até breve!