Não tenho o direito de estragar esse momento. Limito-me a contar que tenho pedido para pessoas que amo e admiro, por diversas razões, um presente incomum: escreva algo, sobre qualquer coisa. A escrita revela muito do que somos...
A estréia da sessão acontece por meio de um texto que me intrigou. Que bom! Sinal de que alcançou o seu objetivo. Deixem fluir. Agora será assim: sempre que possível, postarei os textos-presentes que me chegam. Boa leitura!
Agonia (São Paulo, 23/05/2002, às 13h5min)
O Hoje exige reflexão.
Não sobre Ontem ou Amanhã, mas o Agora.
Nada me satisfaz...
a confissão, agrado, conversa, o outro.
E agonizo.
Tudo é demais,
nada suficiente.
Tenho pensamentos mórbidos, sem fim.
E não acordo. Não durmo.
Agonizo.
Quanto barulho!
Esse silêncio.
Sem luzes... ou trevas.
A visão de outro mundo,
dimensão inacabada.
Agonizo.
A sensação de dor
Porque não dói, não machuca.
Incomoda. É constante,
calor que dá frio... calafrios.
Agonizo.
Anjos tocam e cantam
horrores indizíveis, visíveis.
Vozes... sons...
Que envolvem, alucinam, enlouquecem...
Mais alto, mais alto, mais alto.
Explodem, uníssono.
Agonizo.
Obs.: Pensei em incluir aqui os significados que o dicionário comum atribui às palavras ‘luto’ e ‘melancolia’. Mas ele não dá conta da nossa complexidade: a humana! Por isso, fica a sugestão de leitura do texto “Luto e melancolia” de Sigmund Freud,
(São Paulo, 20/06/2008, às 10h47min)
Sueli Dutra