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28 de abril de 2009

Me diga 'quem tu és' e eu direi 'como andas'...

... ou a 'Nobre Era dos Formulários'.

Há muito tempo tenho matutado acerca deste assunto. Estamos em plena ‘era dos formulários’. Com a expansão das redes sociais, a todo momento nos deparamos com a intrigante tarefa de nos descrevermos. Ou melhor, de criamos personagens virtuais pretensos a serem aquilo que julgamos ser nossa imagem e semelhança.

Mas, ‘péra lá!’. O meu humor não varia apenas na tríade ‘inteligente/sagaz/pateta’ (clichê orkutiano). Perceber isso já é o primeiro passo, não? Obvio, não se trata aqui de pensar em como fornecer informações subjetivas a meu respeito em um meio que não convém. Luli Radfahrer disse agora a pouco que os “desabafos no Twitter definem hoje as cores, raças, castas e crenças que seriam riquezas se pelo menos fossem diferenças”.

A dicotomia reside no fato de que, cada vez mais, vejo que as pessoas acreditam nessas classificações superficiais e as tomam como parâmetros confiáveis para compreender o outro. Calma, os métodos de psicanálise online (ou caminhos para viabilizá-la) já são questionáveis demais para todo mundo achar que deve ‘soltar o verbo’ acerca de si mesmo na web.

Mas, afinal, o que é ter um profile atrativo? O que é ser ‘descolado’? É não ter nada para dizer e, ainda assim, 300 pessoas te seguirem no microblogging (maldito sejam os plugins que capturam os seguidores dos outros)? É ir para uma festa e posar em fotos ‘apropriadas’ para o Orkut que, de preferência, mereçam a tag olha-como-eu-sou-bonita-e-feliz (sério, acho hilário ver o povo fazendo caras e bocas e premeditando o ângulo ‘casual’ da pose em função disso)?

Na boa? Penso que já passou da hora de adotarmos uma postura mais honesta em relação aos outros e, sobretudo, com nós mesmos. Chega de dissociar o ‘eu’ como sendo ‘virtualmente amigável’ e ‘socialmente apático’. Muito me preocupa ver tanta gente mostrando algo que não é. Procure terapia, adote um cachorro ou, melhor, desligue o monitor e olhe para dentro de si.