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26 de junho de 2009

Michael Jackson, por Jorge Forbes*

Texto enviado por Teresa Genesini

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"Foi no momento da esperança que Michael Jackson morreu: foi quando o mundo inteiro esperava seu retorno na velha Londres. Ele quebrou as tradicionais bancas de apostas que se dividiam entre o sucesso estrondoso ou o aplauso de consolação; nem um nem outro, a cada qual agora de decidir, em seu próprio sonho, como foi o último show.

Não perguntem a um psicanalista sobre as doenças psíquicas do menino de Ben. Primeiro porque não se diagnostica à distância, segundo, e mais importante, porque a genialidade de Michael Jackson não cabe em nenhum enquadramento psicopatológico. Michael Jackson não foi o maravilhoso artista porque sofria, mas por ter sabido em sua arte ser maior que o sofrimento que deixava transparecer e que lhe causou tantos problemas.

Seria muito reducionista pedir o aval freudiano à historinha pronta a ser acreditada: filho caçula de um pai tirânico, tendo sua infância roubada por uma imposição de trabalho e sucesso, o moço não teria outra opção na vida adulta se não recuperar, em parques de diversões fora de data e em compras compulsivas, a alegria infantil um dia proibida. Por favor, não! Essa história pode explicar muita gente, mas não faz um Michael Jackson.

Nenhum diagnóstico que colemos a Michael Jackson explicará a química de alguém que fez o mundo andar na Lua. Suportemos o silêncio de sua morte e de seu sofrimento. Sua música e seus gestos é o que ele nos deixa eternamente".

Jorge Forbes, São Paulo, 25 de junho de 2009.


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*Forbes é psicanalista e médico psiquiatra em São Paulo.


You Rock Our World!



20 de junho de 2009

Sobre o mimo e as madeixas

Depois de ler tanta abobrinha sobre o desserviço na decisão a respeito do diploma de jornalismo, é bom ter algo que me humanize.

Conheci ele há pouquíssimo tempo. De cara, percebi o tipo ‘indivíduo observador’. É sempre bom tê-los por perto. E ele acertou na mosca. Me deu um presente. Nem sabia que, há tempos, fundei essa tag no Pluralidade. Porque gosto do ‘escrever’ de muita gente.

Palavras que me completam. Pensamentos que tinham tudo para serem meus. Que bom que não o são.

Compartilho com vocês uma das poesias que ganhei de Robledo (ou @mediador) sobre minha juba. Já é querido. Já é amigo. Já é dos meus. Tipicamente da ‘minha laia’.

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Rebeldia Organizada, por Francisco Robledo

Sentava longe pra olhar de perto
Hoje fico perto pra ver melhor
Mas eles não se decidem pra onde ir
Não sabem que ainda assim se mostram

Ainda olho-os de longe e de perto
Imagino o cheiro, a consistência
E como se organizam tão disformes.
É bela esta desordem indescritível.

Sua alma os reconhece, os trata bem.
Não se enganem com a aparência
Eles dizem mais do que ela – sempre.

Sua Ama os retém, mesmo que ainda
Estejam livres para se mostrarem
Individuais e belos como planejado.

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Essa Boneca Tem Manual? - não podia falar a trilha sonora, certo?!
“Nos segredos dela se aposta viu, nos cabelos dela não se toca, ouviu?!”





A animação massa do vídeo é de Andressa Moreira & Cia.



18 de junho de 2009

Eu passarinho...

Quatro anos de graduação e muita, muita transpiração. Não sou do tipo que já nasceu sabendo o que queria ser ‘quando crescesse’. Com o curso já em andamento e com o crescente entusiasmo pela área de humanas aflorando, certo dia acordo e percebo que cursar jornalismo foi uma das decisões mais acertadas que tomei em minha vida.

Não porque escrevo bem ou porque faço tipo irreverente. Simplesmente porque acreditava que as coisas podiam ser diferentes. Sim, o jornalismo praticado no Brasil (ou o que se subentende por tal) ainda me envergonha. E muito. Mas a academia - e aquela sementinha que alguns professores engajados plantam na gente - me colocaram em contato (e deram sentido) a minha paixão pela disseminação do conhecimento.

Eu seria uma jornalista melhor sem isso? Como diria Quintana, ‘a resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas’. Com certeza, sou uma pessoa melhor do que quando adentrei as portas da faculdade, apenas com uma vaga noção profissional e sem saber direito o que fazer com ela.

Se defendo a reserva de mercado? É óbvio. Ou será que, se ao invés de me comunicar bem, tivesse recebido uma luz do ‘Espírito Santo’, dizendo que o grande dom de minha vida é ser cirurgiã plástica. Vamos lá, gente! Vou trocar de profissão agora e preciso de cobaias – já que diploma é mero acessório. Quem se habilita?

O conhecimento é o único bem que não nos podem tomar. Por isso, não me arrependo por um segundo que seja de todo o suor e lágrima que a graduação me custou. O que me deixa triste e envergonhada no dia de hoje é saber que, no meu país, pouco importa se a categoria é legítima ou não. Pouco importa o genocídio intelectual promovido pelos ditos ‘formadores de opinião’. E, no mais, os sofismas usados para justificar a arbitrariedade estão na lista dos ‘assustadoramente absurdos’.

‘Diploma desnecessário: uma decisão danosa’, por Alberto Dines

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
Mario Quintana

Carolina Beu
Jornalista
MTB 56.307/SP
For nothing