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25 de janeiro de 2011

Concentre-se

Sobre a importância de vivermos o presente

A sutil arte de manter-se concentrado no presente consiste em... Espera! Antes de começar o texto, tenho que dar um pulinho no banco para pagar uma conta e depois preciso desmarcar o almoço com o meu irmão porque surgiu aquela reunião de última hora. Puxa, também esqueci de terminar o relatório que a editora pediu e... Céus! Nem me lembro há quanto tempo estou prometendo dar uma faxina em minha mesa...

Pois é, a essa altura já foi possível identificar a dificuldade que é manter-se focado e não ceder à tentação de dispersar-se mentalmente. A famosa ‘síndrome das urgências’, fomentada pela falta de concentração na execução das tarefas, nos impede de viver satisfatoriamente o tempo presente e valorizar o que mais interessa. Segundo uma pesquisa publicada na revista Science, tal efeito pode, inclusive, nos dar uma passagem só de ida para os vales da infelicidade.

Esse estudo foi realizado na Universidade de Harvad, EUA, e sugere que gastamos, em média, metade do nosso tempo útil apenas imaginando o que gostaríamos ou deveríamos ‘estar fazendo’ em outro lugar que não no momento presente. Por isso eu nunca gostei do gerundismo. Embora a habilidade de pensar sobre o que não está acontecendo no momento seja uma conquista cognitiva, o custo emocional é grande e a contínua dispersão pode causar tristeza e insatisfação com a vida.

Abandonar a trilha sempre percorrida pelo raciocínio e concentrar-se no ‘presente’ não é uma tarefa fácil. Direcionar o foco e a atenção pode nos ajudar a lidar com as questões diárias de maneira mais consciente, pois não há nada mais triste do que a falta de intenção. É necessário nos reconhecermos em meio ao caos das necessidades imediatas para delinearmos um caminho baseado no momento presente. Eu estou tentando. E você?