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28 de março de 2010

Parem as máquinas

Querendo facilitar a vida? Tecnologia demais pode atrapalhar

Celular sem sinal, sistema travado, problemas de conexão, arquivos corrompidos ou erros na impressão. Atire a primeira pedra aquele que, em contato com essas ferramentas, nunca se aborreceu com uma pane. Em uma sociedade cuja demanda por informação é cada vez maior, estar sujeito aos qüiproquós da tecnologia é inevitável, mas isso pode ser muito prejudicial à saúde. Controle e bom senso no uso de equipamentos eletrônicos fazem toda a diferença.

O chamado ‘tecnostresse’ tem levado muitas pessoas a vivenciar a denominada ‘fúria tecnológica’. Os sintomas podem aparecer no formato de cansaço crônico, ansiedade ou distúrbios de apetite, por exemplo. “São sequelas do mau uso desses aparatos. Algumas pessoas estão se tornando escravas de equipamentos cada vez mais sofisticados e perdem a consciência do papel da tecnologia em nossas vidas”, afirma Ana Maria Rossi, psicóloga e presidente da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR).

Parece exagero, mas não é. Em 2006, a ISMA-BR realizou uma pesquisa em São Paulo e Porto Alegre com o objetivo de identificar as causas e sintomas do tecnostresse. Dos 1200 participantes, entre usuários compulsivos e pessoas que precisam da tecnologia para trabalhar, mais da metade reconheceu ser afetada por esse tipo de estresse. “Identificamos ainda que muitas pessoas usam a tecnologia como um paliativo para não pensar nos problemas do dia-a-dia, o que também justifica esse desequilíbrio”, explica.

Liderando o ranking das causas de estresse tecnológico está a perda de informações no computador, que chegou a ser considerada mais estressante do que trocar de emprego ou mudar de casa. A redução da qualidade de vida em função da sobrecarga de informações, as constantes mudanças tecnológicas e outras dificuldades como problemas de conexão ou falta de sinal para operar o celular também encabeçaram a lista.

Ana Maria explica que o estímulo ao consumismo responde por parte deste quadro preocupante. “Frente à necessidade ilusória de sempre ter em mãos o modelo de última geração, muitos acabam comprando equipamentos que não precisam”. De acordo com a psicóloga, é importante desenvolver disciplina para ‘puxar o freio de mão’ quando a situação está fugindo do controle, além de criar critérios para que o uso de tecnologia se restrinja a sua finalidade: facilitar a vida dos seres humanos.

*Texto originalmente publicado no site Abílio Diniz

2 comentários:

Unknown disse...

Segundo o Conceito de Mente Estendida, do filosofo inglês Andy Clark: “[...] Porque nós vamos ser ciborgues não apenas no sentido superficial de combinar carne e fios, mas no sentido mais profundo de ser uma simbiose de seres humanos e tecnologia: sistemas de pensamento e raciocínio, cujas mentes e selfes (identidades) estão difundidas através de cérebro biológico e circuitos não biológicos” esta premissa de Clark nos mostra o que está ocorrendo, este “tecnostresse” (nomenclatura nova, conceito antigo), nada mais é do que a junção entre humano e máquina de maneira não bem sucedida, ainda. Não precisamos ir longe, você usa óculos, por conseguinte é uma tecnologia que está atrelada (ainda que momentaneamente) a seu corpo para melhor funcionamento, este dispositivo ocular é para alguns indispensável atualmente, ou seja, seu corpo pode viver sem, mas não de maneira a corresponder ao meio. A tecnologia não está envolvida processo de “tecnostresse” (ahahaha, adorei esta tarja) de hoje, nem de ontem, é mais antigo que se imagina. E existem outros fatores a serem ponderados na relação com a tecnologia (com as coisas tecnológicas em si), o que há aí é um conflito entre uma forma de vida predominantemente egoíca e outra que busca ser entendida (note, estou falando das coisas, não só como simples objetos, mas sim insuflando um tipo de consciência a elas), só que a primeira tenta suplantar a evolução em si mesma se apoderando da segunda por meio de simbiose tecnológica, por sua vez no processo ocorre o chamado Tecnostress (massarash!).

Edi Carlos disse...


Carolina Beu: Menina de Ouro!


Acho interessante resaltar também a quantidade de materiais utilizados para o desenvolvimento e fabricação de equipamentos eletrônicos: hardware. Ocorre um aumento cada vez maior na produção e uma busca por custos de produção cada vez menores, não sendo levado em consideração o meio-ambiente e os profissionais que participam do processo.

Segundo dados do Greenpeace: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u714155.shtml, até mesmo a nova tendência em armazenagem de dados chamada 'cloud computing', uma tecnologia que deveria resolver partes destes problemas já chega com um péssimo exemplo de desrespeito com o meio-ambeinte.

Parabéns Carolina Beu! Muito bom e importante este post!

Beijos;;;