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22 de junho de 2008

Agonia, por Sueli Dutra

Não tenho o direito de estragar esse momento. Limito-me a contar que tenho pedido para pessoas que amo e admiro, por diversas razões, um presente incomum: escreva algo, sobre qualquer coisa. A escrita revela muito do que somos...

A estréia da sessão acontece por meio de um texto que me intrigou. Que bom! Sinal de que alcançou o seu objetivo. Deixem fluir. Agora será assim: sempre que possível, postarei os textos-presentes que me chegam. Boa leitura!

Agonia (São Paulo, 23/05/2002, às 13h5min)

O Hoje exige reflexão.
Não sobre Ontem ou Amanhã, mas o Agora.
Nada me satisfaz...
a confissão, agrado, conversa, o outro.
E agonizo.
Tudo é demais,
nada suficiente.
Tenho pensamentos mórbidos, sem fim.
E não acordo. Não durmo.
Agonizo.
Quanto barulho!
Esse silêncio.
Sem luzes... ou trevas.
A visão de outro mundo,
dimensão inacabada.
Agonizo.
A sensação de dor
Porque não dói, não machuca.
Incomoda. É constante,
calor que dá frio... calafrios.
Agonizo.
Anjos tocam e cantam
horrores indizíveis, visíveis.
Vozes... sons...
Que envolvem, alucinam, enlouquecem...
Mais alto, mais alto, mais alto.
Explodem, uníssono.
Agonizo.

Era um dia de sol lindo! E estava feliz. E não havia ninguém por perto com quem quisesse compartilhar daquele momento. Uma caminhada, um lanche rápido, caneta e papel à mão. E tudo tão brilhante. Ao contrário, me saiu ‘isso’ – um alien. Só tempos depois que refleti sobre o ocorrido... Estaria possuída por um outro? Havia alguém que queria se comunicar e o fez através de mim? Nada! Havia, creio nisso agora, uma angústia escondida, inconsciente, que foi exorcizada pela minha sensação de alegria e o sol que me invadia. Freud explicaria! Na minha intimidade, um luto – que tem começo, meio e fim -, chegou ao seu termo. E viva o luto - que não é a melancolia.

Obs.: Pensei em incluir aqui os significados que o dicionário comum atribui às palavras ‘luto’ e ‘melancolia’. Mas ele não dá conta da nossa complexidade: a humana! Por isso, fica a sugestão de leitura do texto “Luto e melancolia” de Sigmund Freud, em Obras Completas.

(São Paulo, 20/06/2008, às 10h47min)

Sueli Dutra

7 comentários:

Sueli Dutra disse...

Carolinda,
'Brigada pelo carinho.
Beijo.

Sukaine's Heart disse...

Que lindo! Só podia ser da Maria Sueli mesmo né...ah a propósito....a pedidos (muitos deles seus)...atualizei meu blog, fiz uma postagem hoje...te espero lá...Bjs.

Unknown disse...

Humm que dizer?
Que toca, sensibiliza...enfim encata
Traz paz...traz agonia...traz pensar..
LIndo
Muitos beijos

Marrie disse...

Que lindo! Tinha que ser da Mamãe!!!
Obrigada Carol por divulgar...
Bjo

. disse...

Eu que agradeço, Sussu!
Um 'senhor presente'.
Te amo... ah, mas você já sabe disso! :-p
Sinta-se em casa! O Pluralidade está a sua disposição!
Beijão. :-*

Anônimo disse...

Muito interessante.Principalmente quando percebemos que todos possuímos algum tipo de angústia ainda não dissipada por completo. Até mesmo quando optamos pela felicidade em nosas vidas! E o que seria dos poemas se não fossem tais sensações. Parabéns Sueli, adorei o texto.

beijos.

Anônimo disse...

Uma angústia escondida, inconsciente, que foi exorcizada pela minha sensação de alegria e o sol que me invadia.
profundo.