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2 de setembro de 2008

O dom e a palavra

Que palavra escolher? O velho dilema.

Esse é o dom dela, indissociável. Aquele irresistível prazer de sintetizar tudo quanto é sentimento. As palavras qualificam o pensamento, dão sentido ao que soa. A capacidade humana de pensar é resumida, de certa forma, no índice de vocabulário do ser.

Parece que, quanto maior a eficiência de um individuo em ‘descrever’ algo, maior a sua sensibilidade. Na real: pura artimanha das palavras. A articulação dos verbos pulsa nas veias. Dá movimento, ação às coisas.

Quem nunca se deslumbrou com a uma citação coerente, com o uso quase obsceno dos termos? Com a articulação verbal de um orador?

Dentro da própria palavra, em sua acepção etimológica, está o universo das possibilidades. Sempre é dito ‘escolha bem tuas palavras ou arque com as conseqüências’. Outro tipo de engano condicionado é possível? As palavras iludem, criam falsas expectativas. O pior disso tudo? Nós realmente esperamos isso delas.

A legitimação da mágoa também obedece a sintaxe. Esperamos da palavra alheia o sentido para amenizar nossos próprios adjetivos.


Uns Dias - Paralamas do Sucesso





O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta

Eu nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei

Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente

Eu nem te falei
Que eu te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor

E não porque sofria
Mas você chegou já era dia
E não estava sozinha
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar

1 comentários:

Unknown disse...

Desculpa passar rápidinho, e nem li!
é que to super com pressa! mas tu disse palavras mágicas no ultimo comentário "template" e "ajuda" rs...

Trabalho com isso, e sou apaixonada pelo que faço...

qualquer coisa me add no msn

fernanda_vieira85@hotmail.com

amanhã to aqui de novo pra ler com calma!

BEIJOS