Relatório de Participação Projeto Arandu Porã
.:: Carolina Oliveira
.:: Elieth Rodrigues
Realizamos um trabalho acadêmico, no primeiro semestre de 2007, onde a professora Marta Marcondes foi fundamental no fornecimento de informações para que este se realizasse. Tratava-se de um jornal empresarial que visava divulgar práticas de integração sociedade x universidade, promovidas por alunos do curso de biologia da UNIP, campus Vergueiro. Durante a realização deste trabalho, surgiu o convite para colaborar no Projeto Arandu Porã, coordenado pela professora.
Motivadas pela oportunidade de desenvolver um trabalho colaborativo, não remunerado e com grandes possibilidades de aprendizado, topamos no ato. Não fazíamos idéia do grande desafio que isso representa.
Domingo, dia 02 de setembro, após cansativa caminhada de 5 km, finalmente chegamos ao ponto de encontro. A Aldeia Guarani Krukutu esta localizada na região de Parelheiros, zona sul do município de São Paulo, situada na Área de proteção Ambiental (APA) Capivari Monos.

A aldeia fica localizada às margens da Represa Billings
Ali, foi realizada a 2ª Capacitação do Projeto Arandu Porã, com alunos e professores de biologia das Instituições São Marcos, Instituto de Biologia, Universidade Paulista e representantes da Associação Guarani Nhe’Em Porã.
O projeto pretende promover a preservação e recuperação das nascentes na área ocupada pela aldeia, como forma de melhorar sua sustentabilidade. Também visa desenvolver um núcleo de educação ambiental modelo em preservação de nascentes da Mata Atlântica, para incentivar as comunidades do entorno à práticas de preservação dos recursos hídricos.
Durante a capacitação, fomos sensibilizados da importância ambiental da área e instruídos sobre a abrangência do projeto. Falamos sobre o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), recuperação estrutural (integridade física – químicos e biológicos), recuperação funcional (APA – a mata preserva a água) e da recomposição florística (ou revegetação). Todos esses tópicos serão abrangidos pelo projeto, por meio de equipes que irão mapear toda a região e desenvolver um plano estratégico para atuação.

Esse encontro, mais do que a efetivação de nosso aceite ao convite, representou uma experiência sem precedentes. É tudo muito novo. O contado com biólogos será fundamental para nós, estudantes de jornalismo. Simplesmente, porque nosso repertório e área de conhecimento são focados em aspectos da realidade completamente diferentes. Isso não significa, nem de longe, que sejamos apáticas às questões ambientais. Significa apenas que, as oportunidades de contato direto com essa causa, em proporções maiores, não ocorrem sempre. Somos marinheiras de primeira viagem e é, no mínimo, delicado de nossa parte admitirmos isso desde o primeiro instante.
Isso tudo, porque ainda não falamos de como foi o primeiro contato com os nativos. De maneira mais superficial, poderíamos classificá-lo como ‘traumático’. Isso, sem dúvida, se deve ao estereotipo forte que alimentamos (e que somos ensinados a fazê-lo) a respeito dos hábitos e de identidade culturais.
De maneira mais crítica, é impossível não admitir que aquela comunidade, os Guaranis da aldeia Krukutu, sofreram e sofrem uma interferência forte do sistema capitalista. Quanto a isso, naturalmente, é difícil mesmo ficar imune por muito tempo.
A primeira das tarefas será a de identificar, em nossas próprias percepções, até onde é senso crítico e até onde é postura etnocêntrica. A participação de uma professora antropóloga na equipe ajudará a nos nortear com relação a esse relativismo cultural.
Como todo projeto filantrópico, Arandu Porã conta com o apoio da iniciativa privada. A Petrobrás patrocina a iniciativa e entre outras coisas, confere à coordenação do projeto o processo de divulgação. Nossa tarefa é a de viabilizar uma ação de assessoria de imprensa. Para isso, será necessário sólido conhecimento sobre o que é o Arandu Porã, quem são os Guaranis e qual o nosso papel em todo esse contexto. Em teoria, isso se aproxima muito também do que subtende-se jornalismo comunitário, onde a comunicação, em uma comunidade especifica, tem poder de aumentar a abrangência política de suas articulações.